sexta-feira, outubro 20, 2006

a voz do vento




Ouve com atenção o que te quero dizer. Tu agora já não me podes calar.

Calaste-me a voz por exaustão, cansei-me de te falar e tu de me mandares fechar a porta. E depois, porque o meu silencio te incomodava, arranjaste este quarto escuro onde me enfiaste, fechaste e me abandonas-te.

Usurpaste a minha a meninice, roubaste-me o recreio, mas não me tiraste a vida.

Calaste-me a voz, mas não me fechaste os olhos nem me tapaste os ouvidos: foi só a voz que me calaste. E tu sabes que o fiz porque foi a tua vontade... sabes que o que faço é por ti não sabes? Não suportavas não seres como eu... e eu não suportava ver-te sofrer.

Mas agora que te vejo tão triste, tão só e tão perdida, continuo a não suportar ver-te sofrer.

Por isso te falo, por isso te chamo, por isso te mando este recado pelo vento. Sentes a minha voz na tua pele, nos teus cabelos... a acariciar-te suavemente, a arrepiar-te?... observo como arqueias o teu corpo deliciada, recebendo os meus sussurros que te acalmam e te amansam, como tu tanto gostas. Sei o que estás a pensar fazer: vá lá! não tenhas receio, estende as tuas mãos, fecha os teus olhos e sente apenas a minha voz. Não precisas de me ver: olha, até podes só abrir a porta e deixar a luz apagada. Ou então, se preferires, não faças nada, deixa-te apenas ficar: eu faço por ti. Tu precisas apenas de me sentir de novo.

Eu sei tudo o que tu precisas e tu sabes que eu sei. É só deixares...



A liberdade é linda sim... muito se fala sobre a liberdade.

Mas todos sabemos que a liberdade realmente está sempre condicionada - condicionada a leis, a códigos de conduta, a pretensas moralidades, a imposições de laços parentais, fraternais, sociais, religiosas, fisiológicos, de ordem psicológica, de personalidade. Enfim, teriamos um rol infidável de condicionantes à liberdade...

Por isso eu digo que devemos acarinhar a liberdade, mimá-la, embelezá-la, fazer-lhe um ninho de amor. Só assim ela crescerá saudável.

Eu procuro a minha liberdade de sentir :-)

5 comentários:

Anónimo disse...

Um beijo meu....em pleno voo...:))*

VadioLx disse...

Nesa:

Entendes agora poque eu sou de trair?
Traindo as instituiçoes, traindo os códigos de conduta, os preconceitos e ate o nosso comportamento, traindo tudo a nossa volta e até a nós e a vós, acabamos por ter consciencia que a liberdade é algo que nos traiu ha muito mais tempo...

Nesa gostei do grito... ecoa longe no nosso ser..

Nesa quero ir a mata ctg...(se o um emprestar a 4L)

:)))

um_2 disse...

vadio, podes contar com ele... é para uma boa causa...

nesa, tu és completa por ti mesmo... não fales em dois, fala em um. depois do um, vem o dois.

:-)

Anónimo disse...

Japo**

[bem estava em falta.....sorry....era mais ao menos isto que deveria ter escrito..........como sempre fora de horas:$:$:$]


Para ti só poderia invocar o poeta que, tal como uma prima bailarina, dançou com as palavras, com leveza, elegância e perfeição, tendo o dom de nos fazer crer que a fluidez natural dos seus movimentos seria fácil de alcançar por qualquer simples mortal…..

Eis o que penso de ti……

‘Para ser grande, sê inteiro: nada
Teu exagera ou exclui.
Sê todo em cada coisa. Põe quanto és
No mínimo que fazes.
Assim em cada lago a lua toda
Brilha, porque alta vive’
Ricardo Reis

LadyAnt disse...

sim. obrigada pelas palavras.

lil a mensagem está perfeita :-)**
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mas não falemos de mim apenas. ou para mim. estas palavras adequam-se a todos nós, no fundo, não é? ou não teremos afinal essa consciência da dualidade que nos acompanha em cada tomada de decisão, em cada convicção, em cada expressão de nós... é uma questão de procurar estabelecer laços de equilibrio... será? essa é a grande questão: será o ideal os laços de equilibrio? mas é nos desequilibrios que os carácteres e personalidades das pessoas se destacam, se revelam... então... fica a questão. :-)
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não é um grito... é um facto apenas. a liberdade começa por conseguirmos quebrar as correntes com que nos fomos amarrando ao longo de anos. de que outra forma nos poderemos sentir livres de nós próprios afinal?