terça-feira, outubro 17, 2006

sempre, o espaço vazio ..

Deixei as palavras
Devorar-me os segredos,
Abracei a cidade
E prendi-a entre os dedos.
Cansei-me das ruas,
Das luzes de prata,
Escondi-me nas portas
Em vertigens de faca.
Abri as janelas
Sobre praças divinas,
E fechei-te nos braços
Sob a luz das cortinas.
Mergulhei no abismo
De um olhar tão urgente,
E beijei-te sem pressa
Pedindo-te o sempre.

A vida é só este espaço vazio,
Um instante demente
Entre as margens de um rio.
Pedaço de tempo,
mentiras eternas,
Uma névoa de gente
De esperanças pequenas.

Foi então que sonhei
Que não tinhas partido,
Que as mãos eram céu
E as noites comigo.
Acordei num abraço
Sereno de ti,
E foi preso no nada
Que no sonho morri.
Disseste que o quarto
Te fugia das mãos,
Eu perdi-me no medo
Que tivesses razão.
Mata-me a saudade
Agarra-me para sempre…
A vida é só este espaço vazio,
Um instante demente
Entre as margens de um rio.
Pedaço de tempo,
mentiras eternas,
Uma névoa de gente
De esperanças pequenas.

Pedro Abrunhosa, momento, 2002

1 comentário:

Anónimo disse...

Vive cada momento... com todos os sentimentos...

A Vida passa-nos pelas "mãos" a correr... a uma velocidade quase que "atroz" (falo por mim)
De coisas que gostariamos de ter mudado... desejos que gostariamos de ter concretizado, ficam "perdidos" num momento da nossa Vida.
E vejo-me a olhar pra trás... e a pensar como gostaria de ter feito isto assim... ter mudado isto e aquilo... mas é tarde, porque o momento já pertence ao passado, e a Vida não pára...

A Vida é tudo isto... "momentos" que preenchem espaços!