domingo, julho 01, 2007



és tu quem me está a fazer tanta falta agora. o meu "livro aberto". um livro feito de folhas de papiro colhido nas margens do Nilo, em que eu, com caracteres artísticos e floreados das selvas da Amazónia pintados com tintas aguadas, de várias cores, feitas de essências das mais puras plantas e de águas trazidas pelo sol através dos montes kilimanjaro, me escrevo e me encontro. e és tu quem me muda as páginas, para eu não me cansar... e só pintar a minha realidade, como eu gosto tanto de a ver. fazes-me falta tu e o meu pintor de sonhos que me leva a pairar em céus estrelados e me mostra a beleza da aurora boréalis... só porque sim. só para mim. só porque eu existo. e estou aqui.

para quem não sabe ler as minhas palavras e me ver para lá do nada, eu sou só isso mesmo. para quem, para além de tudo, me vê a mim, eu sou tudo. tudo o que eu gosto...

houve um tempo em que eu não sentia nada. houve um tempo em que sorrir ou chorar não sabiam a sol nem a mar. e em que cair ou levantar era apenas um acaso no espaço. esse tempo eu ainda recordo... e depois recordo vagamente outros. outros tempos. aqueles em que o mar e o céu eram o limite. aqueles em que os sons e os cheiros mais subtis e aparentemente insignificantes eram grandiosos e plenos de uma beleza pura, sem mácula, sem sombras.

e é em refúgios que me sinto a salvo. é em refúgios que me sinto livre. em lugares amplos, sem paredes nem tectos para me encostar. e nem cadeiras para me apoiar. as paredes e os tectos fazem-me baixar os olhos da alma e morrer por dentro sem ter para onde ir e a visão das cadeiras apela-me ao cansaço. um cansaço vivo e sempre presente.

fazes-me falta tu para me ouvires, e tu para me sentires. é nos teus sentidos que me revejo e no teu sentir que me elevo.

fazes-me falta sim: o medo de te perder agora faz-me derramar lágrimas em silêncio. lágrimas que escondo para que não vejas até onde sei. para que não vejas o que eu já vi. para que não vejas o quanto pode matar a partida, a ausência, a solidão. para que te sintas sempre livre comigo.

quero que os meus olhos se limpem de vez de todas as impurezas que trazem e que me expurguem dos meus fantasmas, mandando-os para uma cripta qualquer, bem longe daqui. só por isso é bom chorar, pode ser que eles se cansem... quem sabe.

a fragilidade é aparente. depende do mundo em que se vive. ou do mundo que nos dão para viver. e eu, eu dependo de ti... e de ti. e não me importo, porque isso me faz forte a mim.

obrigada por existires, tu e tu... e tb tu, os meus donos, amos e senhores, a quem eu dou a minha alma para ser bordada, pintada, esculpida, borilada e polida. e devolvida para eu sorrir, gargalhar, brincar e sonhar...

às vezes, confesso, sinto-me feliz :-)

4 comentários:

kakauzinha disse...

Sabes, Nesa, esta música é muito especial para mim, faz-me lembrar os tempos em que pura e simplesmente não havia limite, em que o mar e o céu empalideciam face à minha felicidade, em que o Universo era minúsculo face ao meu universo.

É essa felicidade tão longínqua, mas sempre presente, que me guia os passos por vezes tão cansados de palmilhar os trilhos que teimo em seguir, na expectativa de alcançar o meu sonho antes de "viajar" para outras paragens.

A felicidade existe e tanto se esconde, como aparece, todos nós a vivemos, no passado, no presente, e certamente vivê-la-emos no futuro.

Obrigada por me fazeres recordar aquela felicidade, salpicada de nostalgia, de tristeza, mas também de esperança.

Bijujinhos, um muito especial pelo teu comentário ao meu post.

.*.*K.*.*.

St@rlight disse...

Miga alguém disse: a vida, é uma esmola que a morte nos oferece, mas que um dia, a pede de volta.

Durante este perlúdio devemos fazer de nossa vida uma soma de alegrias como peculato de nosso estado de graça: viver.

De vez em quando damo-nos ao luxo de perder alegrias... mas temos os dever de as repor, e enriquecer os nossos dias no maior numero de recordações felizes, e pensamentos positivos.
Para se merecer ter um dia mais, há que querer acordar no dia seguinte.

E se este não for um "bom dia", poder dizer: baah... afinal o de ontem é q foi pior.

Depois de "Claire", acorda de manhã e ouve Yanni "Aria" bem alto... o máximo de som possível --» http://www.youtube.com/watch?v=5xv-9H73Zy0

Every day there's a shining sun, wating for your smile.
Be there my frend.

kisses ;)***

Maria João disse...

Querida Nesa

há pessoas que existem apenas e há aquelas que vivem.. que, "se dão ao trabalho" de viver.
Tu és, claramente, uma das que vive.
Tu sorrir, tu choras, tu cantas, tu danças, tu sentes, tu és mulher. Tu vives Nesa.
De todos os textos que até hoje escreveste e que eu li, considero este o melhor de todos. Não perguntes porquê ..mas gostei bastante deste, tá muito bonito.

Beijo pra ti =)*

Excelsior disse...

...Tal como a Cookie, considero este, de longe, o melhor texto que alguma vez li da Japonesa...

...Ao contrário da Cookie, eu sei perfeitamente porque o sinto como tal. Mas, igualmente, não me perguntem porquê.

...Até...

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