terça-feira, junho 12, 2007

Uma vez, há muito tempo atrás, quando eu era apenas um miudo irrequieto com uma incrivel habilidade para encontrar sarilhos, mas sem qualquer habilidade no que toca ao sexo oposto, disseram-me algo em que eu não consegui acreditar. "Se abrires os olhos, Chains, verás que nem tudo é o que parece. Olha além de ti mesmo, e encontrarás o que desejas de ti." Não sei se ele tinha ou não razão. Nunca o saberei, talvez. Não lhe posso perguntar se hoje ainda pensa o mesmo. Mas penso...
E como bom egocentrico pseudo-escritor que contribui para um blog comunitario, resolvi pensar assim... escrevendo-o aqui, longe do meu habitual jardim de desilusões. Porquê é a palavra que me enche o cérebro. Porquê aqui? Hum...
Porque não tenho sido um colaborador muito activo. Porque considero os caros colegas de blog como mais que isso. Porque talvez queira desesperadamente ouvir ou ler que tenho razão. Ou apenas porque não me apetece escrever no sitio habitual para que ela não se sinta mal.
Ah, ela...! O centro de toda a questão. O catalizador de todas as minhas acções no ultimo mês. Pensei, senti, reflecti, tentei, falhei, tornei a tentar, falhei com mais estilo... e cansei-me.
E ao cansar-me fugi. Sim, apesar de todas as desculpas que usei para partir, no fundo parti apenas porque não aguentava mais estar tão perto, mas tão longe. Lembro-me de pensar que talvez o pensamento de que ela estava demasiado longe do meu corpo me iria doer...
E doeu. Oh, como doeu aquela semana... Como me questionei sobre tudo, sobre mim, sobre as minhas acções, sobre como tudo o que tantas vezes resultara falhara redondamente, sobre onde teria eu errado. E um dia, atrevi-me a questionar uma outra certeza, ou pseudo-dogma que pensava ser verdadeiro.
"E se o problema não for eu?"
Era algo que nunca tinha feito antes. Despi-me do meu egoismo, parei de pensar em mim. Parei e pensei. Desci a sua imagem daquele pedestral de marmore que tão bem acentava á sua frieza para com o meu amor. Deixei de a olhar como uma deusa, e vi-a por ela, não pela imagem que havia criado. As falhas, os desgostos, a incapacidade de sentir, a ansia de amar e o falhanço de não conseguir. Olhei o ser humano.
E ao olhá-lo, perguntei a mim mesmo o que se passava comigo. Não é ela aquela com quem quero passar a minha vida. Não é a sua beleza e inteligencia que me seduzem (se bem que tais qualidades não lhe faltam). Não. Olhei bem, e vi...
Sim, o problema era eu. Eu, que com 20 anos via o mundo e os outros como se vivessem para mim. Mas ultimamente, no centro das planicies do sul, eu sentira-me pequeno ante a brutalidade da indiferença da natureza para comigo. E senti o seu abraço maternal ao sentir o vento tocar a minha face, como que para consolar-me do medo de que nada se preocuparia comigo. E senti-me diferente... tocado de alguma forma... mas não havia percebido na altura.
Eu não era o centro do universo. Ela não era o centro do universo. E no entanto, eu era, e sou, o centro da minha felicidade. Sou eu que sorrio ou choro. É a mim que pesam as cicatrizes da memória. Tentei culpá-la. Mas não. Era injusto. Que se passava comigo? Porquê culpá-la? Porque não apenas guardar a memória e abrir de novo os olhos para o mundo. Olhei além de mim mesmo. E na insignificancia de mim mesmo perante tudo, senti-me importante. Senti que apesar de não ter o poder de mudar o mundo, tenho o poder de traçar o meu caminho. Ergui os olhos, olhei em volta.
Decidi dar-me mais uma oportunidade de procurar a felicidade. E virei costas ao objecto do meu desejo e obsessão, e caminhei em direcção oposta. Não fugia desta vez. Mudara. Algo dentro de mim crescera. Precisavam de mim, e ali estava eu momentos antes, lagrimas nos olhos, sentindo pena de mim mesmo. Para quê? Não me ajudava a ser feliz...
Voltei. Voltei para junto dos que de mim precisavam. Voltei para ajudar. E ao voltar, caminhava com orgulho e força renovados. Estava livre de procurar novos sonhos. Novos desejos. Novos caminhos...
Novo...
Amor!

2 comentários:

Maria João disse...

Será que é por aí?
Quem sabe?
Eu não sei.
Tu não sabes.
Ninguém sabe.

Mas, avança amigo.

Beijo, Adoro-te *

WildMindMan disse...

Independentemente do lado em que está a racionalidade (ou irracionalidade/sentimentalismo), deixa-me dizer-te uma coisa:

É preciso uma FORÇA E CARÁCTER ENORMES para tomar as atitudes que descreves.

Não é mesmo nada fácil.

Amar ...
Lutar ...
Pensar ...
Amar ...
ReLutar ...
RePensar ...
"Desistir" ...
Viver ...
Voltar ...
... Amar

Bem Voltado ao teu/nosso cantinho.

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