terça-feira, outubro 31, 2006

o suicidio



Só há um problema filosófico verdadeiramente sério: é o suicídio. Julgar se a vida merece ou não ser vivida, é responder a uma questão fundamental da filosofia.
Albert Camus, O mito de Sísifo, pag. 13


Gostaria de partilhar convosco esta frase que me faz reflectir em profundidade sobre o tema da vida, da liberdade e da realidade aprendida.

Não me alongarei em considerações, sejam elas filosóficas, empiricas ou outras quaisquer. Prentendia tão somente partilhar convosco uma das questões que acho interessantes pensar: saber se se aceita a vida tal qual ela se lhe apresenta ou se, pelo contrário, decide não querer essa vida e cometer, assim, o suicidio. Aqui, poderemos evocar a interiorização do homem como individuo livre de escolher.

Uma vez mais, a luta pela liberdade. A tomada de consciência de que está nas mãos do individuo optar, fazer escolhas, sentir-se livre.

Observando um pouco mais de perto, poderemos diferenciar bem um individuo deprimido dum suicida: os deprimidos conseguem ver o sol mesmo quando não existe, embora seja muito dificil às vezes; o suicida nem quando há sol o consegue ver.

Reforço ainda que o suicidio é o culminar de um sofrimento tão atroz, quando a alma não suporta a dor e precisa recorrer a auto mutilações fisicas, substituindo-a por uma dor fisica, tendando de alguma forma suprimir essa dor com outra, que consegue controlar, que é tomada de livre e espontânea vontade e não imposta.

Um tributo à liberdade de sentir e à liberdade de escolha. Mais uma vez, à minha maneira.

4 comentários:

um_2 disse...

nesa a vida resume-se a sentir. (digo eu)

há momentos terminais em que esse sentir é somente de dor.

e aqueles que apenas sabem respirar (e não viver) não se suicidaram já, mesmo sem saberam?

enquanto há saúde... é sentir, é sentir... o máximo possível.

:-)

LadyAnt disse...

concordo sim. mas também se aprende a sentir. e penso que a dor, mais do que o prazer, nos faz aprender a viver, a dar valor às coisas boas e a senti-las com maior plenitude e intensidade.

sem dor não há desejo para a contrariar.

por isso é interessante pensar a dor, encontrar formas de a ludibriar, formas cada vez mais especiais, mais intensas.

isso é saber (aprender a) viver/sentir a vida. acho...
:-)

Anónimo disse...

...e sobre este tema deambulava horas...uma tese mesmo:P....

sem duvida que só há uma dor capaz de invocar o derradeiro acto de liberdade, a dor psicológica. A queda na espiral descendente depelotada pelo abandono da dança em que nos entregamos e queríamos eterna.
A reconquista do espaço na luz é depois feita a pulso. É uma subida por uma escarpa vertiginosa.
nesta subida aprende-se, como tu muito bem escreveste, formas de ludribiar a dor. E, valorizando aquilo que antes considerávamos 'pequenos nadas' crescemos enquanto seres humanos......É sempre um renascimento. É sempre um renascer das cinzas. E todo o nascimento, toda a criação resulta de uma explosão, de um romper, de dor.Só assim podemos ser de novo esplendor, tal como Fénix.


'And I've had recurring nightmares,/That I was loved for who I am,/And missed the opportunity,/To be a better man.'
hoodoo-Muse

Linear disse...

amanaha sera o meu dia